Texto para interpretação
4º e 5 º anos
Texto: Mãe com medo de lagartixa
Habilidades de acordo com a BNCC:
(EF15LP03) Localizar informações explícitas em textos.
(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.
(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado
(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.
Mãe
com medo de lagartixa
Ana
Maria Machado
Era
uma vez uma mãe que tinha medo de lagartixa. No resto, era valente:
ficava sozinha, cantava no escuro, tomava sopa quente.
Era
mesmo corajosa: enfrentava barata, discutia com o chefe, tomava
injeção toda prosa.
De
bicho de pena e de bicho de pêlo, ela gostava muito. Filho dela
podia ter cachorro, gato, coelho, periquito, curió, canário,
porquinho da índia. Nem que fosse tudo ao mesmo tempo, ela não se
incomodava, até animava, mais ainda inventava.
Peixe
e jabuti, também ela deixava como ninguém. E tinha aquário redondo
com peixe vermelho e tinha varanda vermelha com jabuti redondo.
Se os filhos descobrissem macaco de asa, ela era capaz de deixar em
casa.
Se
para uma vaca encontrasse lugar, não ia ser ela quem ia atrapalhar.
Mas
sapo? Minhoca? Perereca? Camaleão? Nem queria saber. Disfarçava e
ia se esconder. Os filhos explicavam:
__
Mamãe, que é que tem? Um bicho tão bonzinho, não faz nada, olha
aí!
Ela
olhava. Mas não gostava.
E
aqueles lagartinhos nas pedras-do-sol?
__
Um bichinho à toa, mãe deixava de ser boba!
Mas
aí ela era boba. Tão boba que, no caminho da praia, pelo meio de
matinho ia pisando forte e falando alto, fazendo barulho só para
assustar os lagartinhos – que saíam correndo, morrendo de medo de
uma mulher tão grande e barulhenta.
Mas
o medo maior era o que a mãe tinha de lagartixa.